“O barro toma a forma
Que você quiser
Você nem sabe
Está fazendo
Apenas
O que o barro quer.”
Leminsk
Significado do Barro:
s.m. Trra vermelha, amarela ou branca, composta
principalmente de alumina e sílica, que é utilizada na fabricação de telhas,
tijolos, vasos, potes.
Argila, greda.
Fig. Coisa insignificante, de pouco valor
S.m.pl. Espinhas, borbulhas no rosto.
Argila e Arte Terapia
O trabalho com o barro é profundamente eficaz no processo
terapêutico.
É muito maleável e simples de utilizar.
É o melhor material para sentir o processo de criação.
MODELAGEM
A modelagem em argila é o maior representante artístico das
tradições culturais de um povo. O barro pode ser considerado como o material
mais primitivo que conhecemos, A bíblia nos conta que Deus fez o homem a partir
do barro: “ O Senhor Deus formou pois, o homem do barro da terra...” (Gênesis)
O barro
propicia uma vivência do primitivo; o toque e o seu manuseio trazem uma
sensação acolhedora de maleabilidade já que vai moldando-se conforme a sua
vontade. Também há uma resposta do material frente ao toque pois o barro, na
medida em que vai sendo trabalhado, absorve a temperatura da pessoa, mudando
assim, sua temperatura inicial.
A argila é
fria, maleável, faz sujeira mas torna-se atraente em qualquer idade. Oferece
experiência tátil, e cinestésica favorecendo crianças com problemas motores e
perceptuais. Como é capaz de transformar-se através da manipulação, seja
amassando, esticando, espremendo, ou socando, tem uma qualidade sensual que faz
uma ponte entre sentidos e sentimentos.
O trabalho
com a argila pode ser sempre refeito, consertado, enquanto ainda úmido,
contribuindo para o desenvolvimento da auto estima e auto confiança. É matéria
viva, alimentadora da fantasia criadora e incentivadora do espírito criador.
No trabalho
de modelagem o corpo inteiro participa, a mão complementar torna-se também
ativa e estimulamos diversos sentidos. O mais óbvio é o tato, mas a argila e
outros materiais modeláveis, despertam o sentido visual, térmico, o sentido do
equilíbrio e o sentido cinestésico. Pode-se trabalhar com crianças maiores
noções de volume, temperatura, simetria, bem como o equilíbrio e o movimento.
Ao plasmar novas formas com as mãos através da modelagem, espelhamos nossa
noção de esquema corporal e podemos inclusive, pelo trabalho sistemático de
modelagem, interferir e modificar este esquema, “sabendo” do corpo, criando um
novo corpo. Sara Paim, falando da modelagem afirma; “um corpo que faz outro
corpo”.
Ao
“brincar” de modelar, vivenciamos formas, volumes, cheio/vazio, dentro/fora.
Criamos texturas, superfícies lisas. Brincamos com a geometria e desenvolvemos
a percepção espacial do mundo, bem como noções de orientação, direção,
proporção.
A argila
promove a manifestação ativa dos processos internos mais primários porque
proporciona fluidez entre material e manipulador, como nenhum outro. Através
dela tem-se uma sensação de controle e domínio sobre aquilo que se produz,
podendo-se remanejar, construindo e desmanchando os objetos, sem regras
específicas e definidas para o seu uso. Não se comete erro ao trabalhar com
argila. É fácil.
Na maioria
das vezes a argila é bem aceita, porém ocasionalmente uma criança (ou adulto)
pode mostrar-se receosa da massa molhada e “suja”, fato que por si só já conta
ao terapeuta muito sobre aquela criança.
Geralmente
as criações - expressões são nomeadas, facilmente surgem fantasias acerca delas
proporcionando uma dramatização ou o desenrolar de pequenas cenas que dizem da
vida, da história e dos sonhos dos pacientes.
A atividade
de modelagem de esculturas possibilita a criação de formas no espaço, sem
excluir a vivência do plano.
Fundamentos da Arte Terapia - Sara Paim:
Na arteterapia, a arte é concebida como uma metáfora, ou
melhor, como um simulacro de arte, por sua dupla condição: por um lado, o
paciente não se compromete com um aprendizado sistemático das regras do ofício,
nem com a criação de idéias plásticas cuja coerência estética seja completa e
socialmente reconhecida; por outro lado, a arteterapia pede da arte um serviço.
Esse serviço terapêutico constitui a própria definição de arte, mas projeta
sobre ela a tensão contraditória inerente à possibilidade de cura. A atividade
artística transforma-se assim em representação dramática da intenção criativa
do sujeito. É nessa duplicidade que encontramos a eficácia terapêutica dessa
modalidade clínica.
Sol da Terra o Uso do Barro Em Psicoterapia
ALVARO DE PINHEIRO GOUVEA,
Analista junguiano, o autor introduz a utilização da
moldagem em barro como recurso psicoterápico. O livro relata as experiências do
autor com este material no qual a relação analista-analizando ganha uma nova
dimensão, Traduzida pelas esculturas, máscaras e outros objetos. Relato de
casos clínicos são ilustrados com fotos de esculturas em barro devidamente
analisadas. Texto inovador e importante pras terapeutas de diferentes
correntes.