PRÉ-SOCRÁTICOS
"(...) considera com teus
sentidos como cada coisa é clara. Não dês maior confiança ao olhar do que a que
corresponde ao ouvido; e não estimes o ruidoso ouvido acima das claras
instruções da língua; e não recuses confiança às outras partes do teu corpo,
pelas quais há acesso à inteligência..."
Empédocles (~495-35 a.C), citado em CHAUÍ, Marilena. Introdução à História da Filosofia - Dos Pré-Socráticos a Aristóteles, Ed.
Brasiliense, 1994
"Heráclito, devido ao fato de
ainda acreditar que o homem dispunha de dois órgãos para o conhecimento da
verdade — a sensação e a razão —, considerava (...) que, tratando-se destes
dois órgãos, a sensação não é digna de confiança, ao passo que colocava a razão
como critério. De fato, ele recusa a sensação, dizendo textualmente: os olhos e
os ouvidos são maus testemunhos para as almas surdas à sua linguagem. O que é o
mesmo que dizer que ´é próprio das almas bárbaras atribuir fé aos sentidos
desprovidos de razão`."
Sexto Empírico
(fl.c.200a.C), comentando o pensamento de Heráclito de Éfeso (~V a.C), em Les Écoles Présocratiques, Ed.
Folio-Gallimard, 1991
PLATÃO
"(...) Quero dizer mais ou menos isso: a visão, ou ainda a audição, contém,
para os homens, uma verdade qualquer? (...) Porém, se entre as percepções do
corpo, estas duas não são nem claras nem exatas, imagine então as outras. Pois
todas são, creio, mais imperfeitas que aquelas. (...) Em qual momento, diz
Sócrates, a alma apreende a verdade? Ora, sempre que ela se serve do corpo para
tentar examinar algo, é evidente que é totalmente enganada por ele (...)"
Platão, no Fédon, citado em La
Sensation, Ed. Flammarion, 1997
REICH
"No fundo, a natureza — dentro
e fora de nós —, só é
intelectualmente acessível através de nossas impressões sensoriais. As impressões
sensoriais são, basicamente, sensações de órgão, ou, colocando de outra
maneira, nós tateamos o mundo que nos rodeia através de movimentos de órgãos
(=movimentos plasmáticos)."
REICH, Wilhelm. Ether, God
and Devil/Cosmic Superimposition. Nova Iorque, Farrar, Straus
and Giroux, 1973
"Se nossas
'impressões' dos movimentos vitais refletem corretamente sua 'expressão'; se as
funções básicas da vida são idênticas em toda a matéria viva; se as sensações
nascem das emoções; e se as emoções brotam de movimentos plasmáticos reais,
então nossas impressões devem ser objetivamente corretas, contanto que,
obviamente, nosso aparelho sensorial não esteja fragmentado, encouraçado ou
alterado de algum outro modo."
REICH, Wilhelm. Ether, God and Devil/Cosmic Superimposition.
Nova Iorque, Farrar, Straus and Giroux, 1973
ARNHEIM
"(...) o conjunto das operações
cognitivas chamadas pensamento não são um privilégio das operações mentais
localizadas acima e para além da percepção, mas sim ingredientes essenciais da
própria percepção (...) não vejo como eliminar a palavra 'pensar' do que ocorre
na percepção. Não parece existir nenhum processo do pensar que, ao menos em
princípio, não opere na percepção"
Arnheim, Rudolf. El Pensamiento Visual,
Editorial Universitaria de Buenos Aires, 1985
"Ao olhar um objeto, procuramos
alcança-lo. Como um dedo invisível, movemo-nos através do espaço que nos cerca,
dirigimo-nos aos lugares distantes aonde se encontram as coisas, tocamo-las,
agarramo-las, examinamos suas superfícies, seguimos seus limites, exploramos
sua textura. Esta é uma tarefa eminentemente ativa."
Arnheim, Rudolf. El Pensamiento Visual,
Editorial Universitaria de Buenos Aires, 1985
MERLEAU-PONTY
"Mas, quando contemplo um
objeto com a única preocupação de vê-lo existir e descobrir diante de mim as
suas riquezas, então ele deixa de ser uma alusão a um tipo geral, e eu me
apercebo de que cada percepção, e não apenas aquela dos espetáculos que
descubro pela primeira vez, recomeça por sua própria conta o nascimento da
inteligência e tem algo de uma invenção genial: para que eu reconheça a árvore
como árvore, é preciso que, abaixo desta significação adquirida, o arranjo
momentâneo do espetáculo sensível recomece, como no primeiro dia do mundo
vegetal, a desenhar a idéia individual desta árvore."
Ponty, Merleau-. Fenomenologia da
Percepção. São Paulo, Ed. Martins Fontes, 1994
"O verdadeiro Cogito não substitui o próprio mundo
pela significação mundo."
Ponty, Merleau-. Fenomenologia da
Percepção. São Paulo, Ed. Martins Fontes, 1994
LURIA
"A moderna psicologia da
percepção (...) considera a percepção como um processo ativo da busca da
correspondente informação, distinção das características essenciais de um
objeto, comparação das características entre si, criação de uma hipótese apropriada
e, depois, comparação desta hipótese como os dados originais."
LURIA, A. R. El Cerebro en Acción.
Barcelona, Editorial Fontanella, 1979
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ResponderExcluirCada dia mais me surpreendo com meus amigos. Muito bom seu blog, Eleonora. Parabéns
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