Mestres

sábado, 27 de abril de 2013

O que pensam sobre percepção?


PRÉ-SOCRÁTICOS

"(...) considera com teus sentidos como cada coisa é clara. Não dês maior confiança ao olhar do que a que corresponde ao ouvido; e não estimes o ruidoso ouvido acima das claras instruções da língua; e não recuses confiança às outras partes do teu corpo, pelas quais há acesso à inteligência..."


Empédocles (~495-35 a.C), citado em CHAUÍ, Marilena. Introdução à História da Filosofia - Dos Pré-Socráticos a Aristóteles, Ed. Brasiliense, 1994



"Heráclito, devido ao fato de ainda acreditar que o homem dispunha de dois órgãos para o conhecimento da verdade — a sensação e a razão —, considerava (...) que, tratando-se destes dois órgãos, a sensação não é digna de confiança, ao passo que colocava a razão como critério. De fato, ele recusa a sensação, dizendo textualmente: os olhos e os ouvidos são maus testemunhos para as almas surdas à sua linguagem. O que é o mesmo que dizer que ´é próprio das almas bárbaras atribuir fé aos sentidos desprovidos de razão`."


Sexto Empírico (fl.c.200a.C), comentando o pensamento de Heráclito de Éfeso (~V a.C), em Les Écoles Présocratiques, Ed. Folio-Gallimard, 1991



PLATÃO

"(...) Quero dizer mais ou menos isso: a visão, ou ainda a audição, contém, para os homens, uma verdade qualquer? (...) Porém, se entre as percepções do corpo, estas duas não são nem claras nem exatas, imagine então as outras. Pois todas são, creio, mais imperfeitas que aquelas. (...) Em qual momento, diz Sócrates, a alma apreende a verdade? Ora, sempre que ela se serve do corpo para tentar examinar algo, é evidente que é totalmente enganada por ele (...)"


Platão, no Fédon, citado em La Sensation, Ed. Flammarion, 1997



REICH

"No fundo, a natureza dentro e fora de nós , só é intelectualmente acessível através de nossas impressões sensoriais. As impressões sensoriais são, basicamente, sensações de órgão, ou, colocando de outra maneira, nós tateamos o mundo que nos rodeia através de movimentos de órgãos (=movimentos plasmáticos)."


REICH, Wilhelm. Ether, God and Devil/Cosmic Superimposition. Nova Iorque, Farrar, Straus and Giroux, 1973


"Se nossas 'impressões' dos movimentos vitais refletem corretamente sua 'expressão'; se as funções básicas da vida são idênticas em toda a matéria viva; se as sensações nascem das emoções; e se as emoções brotam de movimentos plasmáticos reais, então nossas impressões devem ser objetivamente corretas, contanto que, obviamente, nosso aparelho sensorial não esteja fragmentado, encouraçado ou alterado de algum outro modo." 


REICH, Wilhelm. Ether, God and Devil/Cosmic Superimposition. Nova Iorque, Farrar, Straus and Giroux, 1973



ARNHEIM

"(...) o conjunto das operações cognitivas chamadas pensamento não são um privilégio das operações mentais localizadas acima e para além da percepção, mas sim ingredientes essenciais da própria percepção (...) não vejo como eliminar a palavra 'pensar' do que ocorre na percepção. Não parece existir nenhum processo do pensar que, ao menos em princípio, não opere na percepção"


Arnheim, Rudolf. El Pensamiento Visual, Editorial Universitaria de Buenos Aires, 1985


"Ao olhar um objeto, procuramos alcança-lo. Como um dedo invisível, movemo-nos através do espaço que nos cerca, dirigimo-nos aos lugares distantes aonde se encontram as coisas, tocamo-las, agarramo-las, examinamos suas superfícies, seguimos seus limites, exploramos sua textura. Esta é uma tarefa eminentemente ativa."


Arnheim, Rudolf. El Pensamiento Visual, Editorial Universitaria de Buenos Aires, 1985


MERLEAU-PONTY

"Mas, quando contemplo um objeto com a única preocupação de vê-lo existir e descobrir diante de mim as suas riquezas, então ele deixa de ser uma alusão a um tipo geral, e eu me apercebo de que cada percepção, e não apenas aquela dos espetáculos que descubro pela primeira vez, recomeça por sua própria conta o nascimento da inteligência e tem algo de uma invenção genial: para que eu reconheça a árvore como árvore, é preciso que, abaixo desta significação adquirida, o arranjo momentâneo do espetáculo sensível recomece, como no primeiro dia do mundo vegetal, a desenhar a idéia individual desta árvore."


Ponty, Merleau-. Fenomenologia da Percepção. São Paulo, Ed. Martins Fontes, 1994


"O verdadeiro Cogito não substitui o próprio mundo pela significação mundo."

Ponty, Merleau-. Fenomenologia da Percepção. São Paulo, Ed. Martins Fontes, 1994


LURIA

"A moderna psicologia da percepção (...) considera a percepção como um processo ativo da busca da correspondente informação, distinção das características essenciais de um objeto, comparação das características entre si, criação de uma hipótese apropriada e, depois, comparação desta hipótese como os dados originais." 


LURIA, A. R. El Cerebro en Acción. Barcelona, Editorial Fontanella, 1979

2 comentários:

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  2. Cada dia mais me surpreendo com meus amigos. Muito bom seu blog, Eleonora. Parabéns

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