JUNG X STEINER
Rudolf Steiner nasceu na Áustria em 1861, 14 anos antes de Jung. Pertenceu à sociedade Teosófica, tendo porém se desligado, criando a Antroposofia, também chamada de Ciência Espiritual, base para o desenvolvimento de aplicações práticas na medicina, farmacologia, pedagogia, pedagogia curativa, pedagogia social, agricultura(biodinâmica), arquitetura, criando ainda a massagem ritmica, a terapia artística, a quirofonética e a euritmia. Com formação em Ciências Exatas (hoje área da engenharia), a partir de 1883 dedicou-se à publicação das Obras Científicas de Goethe, escrevendo sobre ele e sua filosofia. Também para Jung, Goethe exerceu grande influência, tendo mesmo chegado a afirmar “meu padrinho e mentor era o grande Goethe”.
Embora sem base num estudo profundo, fazendo uma análise superficial, podemos estabelecer alguns paralelos entre a Psicologia Analítica de Jung e a Antroposofia de Steiner.
Ambos referem ser a consciência não apenas um processo de racionalização – Penso, logo existo – mas focalizam a necessidade de um trabalho permanente para o aumentoda consciência de si, para encontrar o seu significado e a realização de seus valores mais altos. Também em relação ao inconsciente e ao inconsciente coletivo, encontramos abordagens semelhantes. Para os dois o desenvolvimento da criança e sua educação sofrem influência da postura interna dos pais, do seu inconsciente, mais até que de suas atitudes externas. Jung refere casos em que os filhos sonhavam os problemas de seus pais; Steiner chega mais além, indo até a interferências no processo de formação da própria corporalidade da criança.
Para Steiner e diversas correntes espiritualistas, o akasha contém toda a história não só da humanidade, seu pasado, presente e futuro, como da própria origem da terra, definindo-se tal qual o inconsciente coletivo do Dr. Jung, presente em sonhos, produções artísticas, mitos e lendas. Dado ao destaque colocado ao inconsciente coletivo por um, e ao akasha para o outro, ambos ressaltam a importância do sonho no caminho do auto-conhecimento. Para Steiner há realmente uma vida vivida ao dormir, quando nos encontraríamos nos mundos espirituais e teríamos um acesso dirreto ao akasha, razão porque considera, assim como Jung, muito importante o registro dos sonhos. Através dos sonhos encontraremos a possibilidade de identificação de conteúdos universais. O sonho “é o que é” e o seu significado simbólico para a Antroposofia, é o resultado do predomínio de imagens astrais, obedecendo à sua lógica. Devido à separação dos corpos no dormir e estando o etérico “frouxo”, há dificuldade de uma lembrança total, visto o mesmo ser o portador da memória.
Se o objetivo de Jung com a Psicologia Analítica era a busca de individuação, par Steiner era a iniciação. Ambos seguem os mesmos passos em seu processo. Para Steiner o caminho da iniciação é um defrontar-se consigo próprio rumo ao “homem superior”. Nesse caminho encontra-se o guardião do limiar, bastante semelhante ao encontro da sombra no processo de individuação.
Podemos perceber muitos outros pontos em comum entre os dois: a noção de polaridade, a nima e o animus, a importância atribuída aos contos de fadas, lendas, mitologias; o interesse e o estudo da alquimia, astronomia e astrologia, bem como o refazimento da história das civilizações no processo de desenvolvimento do homem.
Eleonora Fonseca Vieira, 1997
Muito boa matéria, acrescentou, clareou
ResponderExcluirum pouco mais. Parabéns pelo trabalho. Muchas gracias.