Mestres

sábado, 27 de fevereiro de 2010

A AMA DE LEITE

 



            Procurando o significado etmológico da palavra ama, percebemos uma ambigüidade, pois ao mesmo tempo que refere-se a criadas, mulheres que cuidam de crianças, também define a senhora, a patroa, a dona da casa.
            No dicionário Caldas Aulete encontramos uma referência ao sufixo ama traduzindo a idéia de grande quantidade, de abundância.
            Com relação à origem da palavra não há um consenso, surgindo a hipótese de procedência latina, significando alma, criadora. (Caldas Aulete,        ) Esta dificuldade de certeza quanto à origem da palavra parece se perpetuar na ambigüidade de significação, bem como no próprio papel da ama negra na sociedade brasileira. A mesma escrava sem liberdade e reconhecimento social, torna-se aquela que exercerá os cuidados com os filhos brancos das famílias. Ela os amamentará, os acariciará; contará histórias, lendas e costumes de sua terra distante, de uma outra cultura. Ela exercerá a função materna, dará um “corpo” àquela criança e mais tarde, provavelmente, uma outra negra iniciará sexualmente o “sinhozinho”.
            Segundo Tarlei de Aragão (1991, pg. 33)
“ Essa afetividade habitada por uma sensualidade difusa, que é passada nos brancos pela mãe preta, mas também pelo próprio contato das relações sociais, marca de uma forma geral o brasileiro do nascimento até a morte.”
            De outro lado ficará a mãe biológica ocupando seu lugar sagrado, puro, interdito. Santo Agostinho, citado por Badinter (1985) interroga se não seria pecado desejar o seio chorando. A amamentação era temida por poder tornar-se um “prazer voluptuoso” tanto para a mãe como para a criança.
            Creio que não poderemos pensar no papel da ama de leite para a formação da sociedade brasileira e pernambucana, sem nos remontarmos ao mito da Grande Mãe. Gilbert Duran (1963), citado por Alfredo Antunes (1999) diz que em todos os tempos os homens imaginaram uma grande mãe. Na cultura afro as deusas mães estão presentes – a deusa bela, distante, sagrada, atributos maternos da mãe inacessível, mas também protetora e consoladora. Nestes cultos também aparece a interdição à aproximação do filho para a mãe, ocorrendo freqüentemente de forma disfarçada e simbólica, motivos de punição. (Ramos, 1934)
            Também será necessário tentarmos levantar um perfil da ama de leite em Pernambuco no século XIX. João Alfredo dos Anjos (1997), tendo como base referências feitas por Gilberto Freyre (1992) sobre a possibilidade da utilização dos anúncios publicados em jornais do século XIX para a realização de uma pesquisa histórica, dá início ao seu trabalho sobre o papel das amas na formação da criança brasileira a partir de um anúncio publicado no Diário de Pernambuco em 24 de novembro de 1844.
            A amostragem realizada pelo autor verifica a grande demanda por amas de leite neste período, sem que se pudesse identificar uma preferência por escravas ou mulheres livres. Constata porém, uma certa incidência em relação a amas jovens, embora a pouca idade não representasse uma particularidade das escravas, pois as “senhorinhas” com apenas 12 ou 13 anos de idade, já iniciavam suas funções reprodutoras. Havia sempre a solicitação de “bom e abundante leite”, bem como de “bons costumes”.
            Expandindo sua pesquisa histórica para fora da realidade brasileira e não se detendo ao século XVIII na França, quando este costume era regra geral, João Alfredo (1997) identifica uma anterioridade que remonta ao período bíblico e ao antigo Egito, tendo encontrado referências a amas no Código de Hamurábi e em documentos gregos e romanos.
            Embora tenha verificado o início de um movimento pelo aleitamento materno em meados do século XIX, considera com base em De Mause (1975), que
“ na raiz do problema parece Ter estado um sentimento de aversão pelo ato de amamentar, chegando o aleitamento a parecer a alguns como sujo e animalesco”. (dos Anjos, 1997, pg.      )

Considerando haver distinções claras nas formas de cuidado das crianças pelas amas e pelas famílias na Europa e no Brasil, dos Anjos (1997) defende a existência do amor materno e fiscalização das amas pelas mães brasileiras, bem como uma relação afetiva entre crianças e amas, diferentemente da Europa, quando se verificavam inúmeros casos de maus tratos, abandono e morte. 

Aspectos psicológicos da Relação mãe-bebê




 A função materna

Freud havia referido a necessidade do cuidado materno para a existência do bebê e de seu sistema psíquico e Melanie Klein (1981) aprofundou a noção de instâncias psíquicas desenvolvidas por Freud, sublinhado o que se passa no registro inconsciente. Introduz a noção do vínculo fantasmático mãe-filho, numa relação dual, pondo em relevo a acuidade da tensão destrutiva que acompanha a pulsão do amor. Para ela há sempre intenção agressiva em todo impulso de amor. Admite vida psíquica constitucional ainda no útero da mãe, examinando de forma superficial a influência do ambiente.

Winnicott (1988) enfatizou a influência do meio ambiente no desenvolvimento psíquico do ser humano, afirmando que o homem trás em si uma tendência inata a se desenvolver e unificar, atualizando-se no funcionamento dos processos de maturação – formação e evolução do EU, do ISSO e do SUPEREU – bem como ao estabelecimento dos mecanismos de defesa.

Para o referido autor lactente e cuidado materno formam uma unidade, pois se não existisse cuidado materno, não haveria lactente. Nos primeiros tempos de vida o bebê depende exclusivamente dos cuidados que recebe; depende da satisfação de suas necessidades de alimentação, aconchego, higiene. Nesta fase de dependência absoluta a criança desconhece esse seu estado dependente, não se diferenciando do meio ambiente.

Winnicott fala de duas fases: a dependência absoluta – do nascimento aos 6 meses de idade – e dependência relativa – dos 6 aos 24 meses. Destaca 3 funções maternas que possibilitam a adaptação da mãe às necessidades do bebê: a apresentação do objeto, o holding, o handling. A função materna da apresentação do objeto – seio ou mamadeira, constitui a primeira refeição teórica e também real. Se a mãe ou quem exerce essa função, apresenta a primeira refeição no momento certo, o bebê terá a ilusão de que ele mesmo criou o objeto, gerando uma experiência de onipotência. É desta capacidade de responder à necessidade alimentar do bebê no momento certo, sem que se torne fonte de angústia, que o ser humano vai tornar-se capaz de vivenciar emoções e sentimentos.

A Segunda função materna, o holding – sustentação, diz respeito à proteção contra os perigos físicos; é o modo como a mãe vai cuidar de seu bebê, protegendo-o, respeitando sua sensibilidade, mantendo uma rotina calma e acolhedora, possibilitando-o integrar-se no tempo e no espaço.

A terceira função – handling – diz da manipulação do bebê pelos cuidados maternos. São os toques, o dar banho, trocar fraldas, mantendo o seu bem estar físico. É através do exercício desta função que o bebê experimenta-se um corpo unido à sua vida psíquica. Winnicott (1988) chama de personalização.

A mãe que consegue realizar satisfatoriamente estas três funções adaptando-se às necessidades do bebê, é chamada de mãe suficientemente boa.

“ Se o cuidado materno não é suficientemente bom então o lactante realmente não vem a existir, uma vez que não há a continuidade do ser; ao invés a personalidade começa a se construir baseada em reações a irritações do meio”. ( Winnicott, 1988, pg. 53)


Poderiamos pensar que bastam os cuidados físicos: alimentar, banhar, trocar; mas o homem se constitui no campo da linguagem e torna-se necessário que a mãe, através de seus cuidados, mergulhe seu bebê em palavras, em cantos, sussuros e versos, plenos de sentido e significação.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A Sombra


Do fundo do inconsciente, brotam sombras.... Sombras pessoais, sombras arquetípicas, de toda a humanidade. Susto, perplexidade....Ameaças ao eixo, descontrole? “Do caos nasce a estrela”. Não é possível querer fugir ou esquecer, da existência das sombras.. A luz só aparece se existir a sombra. Dois lados de uma mesma moeda. Não podem ser recusados, mas acolhidos e envoltos em amor. Da aceitação vem a união; da aceitação de cada fragmento, vem a totalidade. Recado dolorido, sofrido. Recado assustador...mas necessário...As forças telúricas, sob o impacto das forças ígneas, sendo envolvidas pela força do amor, transformadas em sua essência, tornando-se luz.
 23 de setembro de 2008

A Arte é Terapia?


Desde a pré-história os seres humanos produzem formas visuais, utilizando-se de símbolos para exprimirem os mundos objetivo e subjetivo. Por intermédio dessas expressões particulares – da arte do homem das cavernas – pudemos reconstruir a história. Muitos podem não considerar arte as imagens e o legado instrumental do homem deste tempo, mas como é mesmo a definição de arte?
Arte é a criação humana de valores estéticos que sintetiza as suas emoções, sua história, seus sentimentos e sua cultura.
Então, a partir desta definição, reconhecemos como arte todo impulso em designar o mundo ou a si próprio, de uma forma diferente; isto porque a culinária, o artesanato, as construções também podem atender à nossa definição de arte.
Entretanto a nossa questão é: A ARTE É TERAPIA?
Hoje em dia vários profissionais resgataram a importância da arte como algo inerente ao ser humano e a incorporaram ao seu trabalho, surgindo as terapias expressivas, a arte-educação, a terapia ocupacional e a arte terapia. Todo fazer com as mãos é terapêutico pois representa atos criativos que levam ao silêncio interior ou à expressão de emoções e sentimentos, havendo uma tendência errônea em se acreditar qualquer atividade artística como arte terapia. É necessário distinguir entre os fazeres artísticos, verificando suas diferenças, objetivos, aplicações e referenciais teóricos.
A arte educação busca estabelecer uma relação entre arte e cognição, objetivando a aprendizagem formal, mas também possibilitando ao sujeito criativo, espontâneo, a capacidade em transformar dificuldades que surjam na vida cotidiana.
Nas terapias expressivas usa-se a dança, a música, o movimento, o teatro e as artes plásticas, buscando-se primordialmente a expressão da singularidade do sujeito.
A sociedade Brasileira de Arte Terapia conceitua em seu estatuto, parágrafo único:
Arte terapia: Método de diagnóstico e tratamento, que utiliza a criação com base na integração de diferentes linguagens tais como: plástica, sonora, corporal, dramática, poética, atuando no campo da reabilitação, psicoterapia, empresa, educação, profilaxia, instituição em geral.
A arte terapia atua no âmbito do simbólico, tentando auxiliar as pessoas a decifrarem seus símbolos pessoais e universais, através da materialização de formas, cores gestos e sons. Ao mergulhar no campo das imagens, fazendo contato com conteúdos conflitantes, conduz o processo ao nível da conscientização e verbalização. A arte é a linguagem, mas a leitura será feita em níveis e teorias diversas.
Assim, percebemos que nem toda arte é terapia, mas chegamos à conclusão junto com Einstein que “ A função mais importante da arte e da ciência é despertar o sentimento religioso e cósmico e mantê-lo vivo.”

INCONSCIENTE

Chegando ao Inconsciente
.......” os psicólogos admitem a existência de uma psique inconsciente apesar de muitos cientistas e filósofos negarem-lhe a existência. Argumentam ingenuamente que tal pressuposição implica a existência de dois “sujeitos” ou (em linguagem comum) de duas personalidades dentro do mesmo indivíduo. E estão inteiramente certos: é exatamente isto o que ela implica. É uma das maldições do homem moderno esta divisão de personalidades. Não é, de forma alguma, um sintoma patológico: é um fato normal, que pode ser observado em qualquer época e em quaisquer lugares............. O homem desenvolveu vagarosa e laboriosamente a sua consciência, num processo que levou um tempo infindável, até alcançar o estado civilizado (arbitrariamente datado de quando se inventou a escrita, mais ou menos no ano 4.000 A.C.) E esta evolução está longe da conclusão pois grandes áreas da mente humana ainda estão mergulhadas em trevas. O que chamamos psique não pode, de modo algum, ser identificado com a nossa consciência e o seu conteúdo.Quem quer que negue a existência do inconsciente está, de fato, admitindo que hoje em dia temos um conhecimento total da psique. É uma suposição evidentemente tão falsa quanto a pretensão de que sabemos tudo a respeito do universo físico.................Há motivos históricos para esta resistência à idéia de que existe uma parte desconhecida na psique humana. A consciência é uma aquisição muito recente da natureza e está num estágio “experimental”. É frágil, sujeita a ameaças de perigos específicos e facilmente danificável. Como já observaram os antropólogos, um dos acidentes mentais mais comuns entre os povos primitivos é o que eles chamam “a perda da alma” – que significa, como bem indica o nome, uma ruptura (ou, mais tecnicamente, uma dissociação) da consciência.Entre estes povos, para quem a consciência tem um nível de desenvolvimento diverso do nosso, a “alma” (ou psique) não é compreendida como uma unidade...............Certas tribos acreditam que o homem tem várias almas. Esta crença traduz o sentimento de alguns povos primitivos de que cada um deles é constituído de várias unidades interligadas apesar de distintas. Isto significa que a psique do indivíduo está longe de ser seguramente unificada. Ao contrário, ameaça fragmentar-se muito facilmente sob o assalto de emoções incontidas.Estes fatos, com os quais nos familiarizamos através dos estudos dos antropólogos, não são tão irrelevantes como parecem. Também nós podemos sofrer uma dissociação e perder nossa identidade. Podemos ser dominados e perturbados por nossos humores, ou tornarmo-nos insensatos e incapazes de recordar fatos importantes que nos dizem respeito e a outras pessoas, provocando a pergunta: “Que diabo se passa com você?”. Pretendemos ser capazes de “nos controlarmos”, mas o controle de si mesmo é virtude das mais raras e extraordinárias. Podemos ter a ilusão de que nos controlamos, mas um amigo facilmente poderá dizer-nos coisas a nosso respeito de que não tínhamos a menor consciência.Carl Jung
Por estas afirmações de Jung vemos como sempre se fala do inconsciente a partir do consciente, até mesmo como a sua negação, mas o que é inconsciente?
No dicionário Caldas Aulete encontramos:“ Inconsciente – que não tem consciência de si mesmo, dos seus atos; a parte de nossa vida psíquica excluída da consciência por recalcamento.”
Assim, inconsciente sempre aparece como adjetivo, como aquilo que não é consciente.
Freud porém nos apresenta o ICS como substantivo, como um sistema psíquico distinto dos demais e dotado de atividade própria.
Na 1ª tópica Freud sistematiza o ICS tentando ordenar os conteúdos representativos das pulsões. Segundo Zeferino Rocha “ numa atitude apolínea”,.... tenta controlar com a razão o mundo irracional do ICS.”Na 2ª tópica Freud dá prioridade à dimensão pulsional do ICS, passando a “ocupar o 1º plano o elemento dionisíaco”. Freud apela para um além da razão.Assim podemos definir, baseados em Freud, o ICS como: um sistema dinâmico regido pelo processo primário, que se estrutura como um campo de forças.
Muitas vezes – antes e depois de Freud – o ICS foi identificado com o caos, o ilógico, o mistério.
Segundo Scarlett Marton o termo ICS no pensamento de Nietzsche designa o domínio que escapa à linguagem, o domínio do indizível, não podendo remeter a nenhum princípio ordenador mas significando silêncio, singularidade, indizibilidade.
O ICS então, não seria derivado da consciência, não seria formado de conteúdos recalcados de representações conscientes.
Deleuze distingue dois usos do termo ICS na obra de Nietzsche: um para caracterizar a atividade, de forma geral, e outro para designar um dos sistemas do aparelho reativo. As forças reativas sempre limitam a ação, dividem. As forças ativas são um estado de expansão, intensificação; elas afirmam a potência, criam valores.
Para Naffah Neto “ o ICS ativo é que constitui de fato o ICS no sentido forte do termo. O ICS reativo só é ICS no sentido tópico do conceito, quer dizer, na medida em que ele corresponde a um passado que precisa se manter afastado da consciência para que esta acompanhe os movimentos do real, e o presente possa ser o tempo dominante. Em outros termos, ele só é ICS porque o homem está constituído por uma temporalidade e precisa, devido às necessidades adaptativas, manter um reservatório de memória disponível à consciência mas distinto dela........”já disse Suely Rolnik: Ele (o ICS) designa um universo indizível e invisível, marginal à consciência e com o qual é preciso entrar em ressonância. Invisível e indizível, porque é fluxo, devir, sem forma ou representação definida, campo de forças móveis e vibráteis. Espaço virtual, gerador de novos códigos, onde reencontramos a pulsação da vida na sua forma afirmativa: o sim inicial a tudo o que é humano”.............
Com base no princípio nietzschiano, o ICS seria um conjunto de forças móveis, indizíveis/invisíveis, que não tolera formas fechadas, acabadas, excludentes; não conhece ordem; suas leis são o acaso, o devir, a multiplicidade. Não conhece morada fixa, sendo o eterno construir e destruir de si próprio.
O ICS de Freud – do recalcado, não se opõe ao ICS da vontade de potência, do esquecimento de Nietzsche. Em arte terapia trabalhamos somando conceitos, teorias, experiências.
É necessário estabelecer a diferença entre recalque e esquecimento.O recalque é um dos destinos do representante ideativo das pulsões, tendo por finalidade evitar o desprazer. O outro representante psíquico da pulsão – o afeto – não pode, ele mesmo, ser recalcado. O que se torna ICS é a idéia à qual o afeto estava ligado, podendo também ser deslocado para outra idéia.Em outras palavras o recalque afasta as representações da consciência, separando-as das palavras, evitando o desprazer. Entretanto estas representações continuam atuando de forma subterrânea, reaparecendo através do retorno do recalcado.O esquecimento é um mecanismo não consciente, que descreve um processo de elaboração ativa de digestão das experiências, ou seja, a plasticidade das forças ativas regenera, remodela, torna possível a digestão das experiências.
.......".um mar de forças tempestuando e ondulando em si próprias, eternamente mudando, eternamente recorrentes, com descomunais anos de retorno, como uma vazante e enchente de suas configurações, partindo das mais simples às mais múltiplas, do mais quieto, mais rígido, mais frio, ao mais ardente, mais selvagem, mais contraditório consigo mesmo, e depois outra vez voltando da plenitude ao simples, do jogo de contradições de volta ao prazer da consonância (..), como um vir a ser que não conhece nenhuma sociedade, nenhum fastio, nenhum cansaço – esse meu mundo dionisíaco do eternamente-criar-a-si-próprio, do eternamente-destruir-a-si-próprio (..) quereis um nome para esse mundo? (..) Esse mundo é a vontade de potência – e nada além disso! E também vós sois essa vontade de potência – e nada além disso."Nietzsche