Mestres

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Transtorno de Pânico



Já trouxemos aqui uma síntese sobre o estresse.
Hoje damos continuidade, abordando mais especificamente o transtorno de pânico.
Qual a diferença entre ansiedade e estresse?  
“Cientificamente a Ansiedade é a mesma coisa que Estresse. A Ansiedade seria uma atitude normal e global do organismo, portanto fisiológica, responsável pela sua adaptação a alguma situação nova e atual. O Estresse é a atitude biológica necessária para a adaptação do organismo a uma nova situação. Em medicina entende-se o Estresse como uma ocorrência fisiológica global, tanto do ponto de vista físico quanto do ponto de vista emocional.”¹  Do ponto de vista psíquico o Estresse se traduz na Ansiedade. A natureza foi generosa oferecendo-nos a atitude da Ansiedade ou Estresse, no sentido de favorecer sempre a adaptação. Porém, não havendo período suficiente para a recuperação desse esforço psíquico, o qual restabeleceria a saúde, ou persistindo continuadamente os estímulos de ameaça que desencadeiam a reação de Estresse, nossos recursos para a adaptação acabam por esgotar-se. O Esgotamento é, como diz o próprio nome, um estado onde nossas reservas de recursos para a adaptação se acabam.
Organicamente,  no Esgotamento,  há alterações significativas nas glândulas supra-renais (produtoras de adrenalina e cortisona), há dificuldades no controle da pressão arterial, há alterações do ritmo cardíaco, alterações no sistema imunológico, no controle dos níveis de glicose do sangue, entre muitas outras. Psiquicamente a Ansiedade crônica ou Esgotamento leva à um estado de apatia, desinteresse, desânimo, medo e de pessimismo em relação à vida.
Psicanaliticamente falando, a  ansiedade é um estado afetivo que corresponde à antecipação de um desprazer, antes que ele aconteça, com base em outras experiências desprazerosas. Há dois tipos de ansiedade: a realística e a neurótica. A ansiedade realística acontece quando estamos diante de situações reais de perigo.  Aqui, a ansiedade é um sinal, que pode levar o indivíduo a buscar soluções para fugir ou se defender do perigo. A ansiedade neurótica parece sem sentido, pois não há um perigo real que ameace o sujeito.  Não há uma situação ou objeto específicos que o indivíduo tenha medo, ou o medo é exagerado, desproporcional. Para a Psicanálise, os ataques de pânico são o resultado de uma defesa mal sucedida contra impulsos geradores de ansiedade.  Embora muitos pacientes relatem que os ataques de pânico se iniciem “do nada”, quando se investiga melhor pode-se descobrir um claro ativador psicológico, não percebido pelo indivíduo.  Apesar de suas implicações biológicas, o início do pânico está geralmente relacionado com fatores ambientais ou psicológicos, a partir dos quais ocorrem as alterações neurofisiológicas. Os pacientes com transtorno de pânico geralmente tiveram acontecimentos vitais estressantes, como perdas significativas, nos meses antes do início da doença.  Além disso, estes pacientes parecem vivenciar maior sofrimento diante dos acontecimentos vitais, se  comparados com outros indivíduos. As causas dos ataques de pânico envolvem significados inconscientes de eventos estressantes, motivo pelo qual o tratamento busca um aprofundamento que não se restringe a simplesmente eliminar os sintomas, mas encontrar suas causas. Além do tratamento medicamentoso, acompanhado por um médico psiquiatra, o paciente com transtorno de pânico pode ser beneficiado com técnicas de modificação de comportamento utilizadas por psicólogos cognitivo-comportamentais, em busca da supressão dos sintomas e de uma melhor convivência social. A Psicoterapia, no entanto, buscará ajudá-lo a compreender o verdadeiro significado inconsciente de sua ansiedade e o simbolismo da situação vivenciada.

Eleonora Fonseca Vieira

¹ Dr. Geraldo Ballone
Especialista em psiquiatria pela ABP e professor do Departamento de Neuropsiquiatria da Faculdade de Medicina da PUCCAMP

Publicado originalmento em: http://www.blogdocaju.com/

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