Mestres

quarta-feira, 5 de maio de 2010

DEUSAS



         Arquétipos, segundo Carl Jung, referem-se  a imagens simbólicas que estão gravadas no inconsciente, no imaginário coletivo e que se expressam através dos instintos, comportamentos e sentimentos. Pode-se dizer que estão gravados na alma da humanidade, numa repetição de geração em geração.      
        No universo feminino, nós temos os arquétipos das deusas, que fluem em nossos sentimentos, nos nossos comportamentos e pensamentos. E de alguma forma,  esses arquétipos das deusas influenciam também o universo masculino, que busca e se sente atraído por eles nas mulheres de seu convívio.   
        As deusas são muitas,  e conhecê-las é importante, porque interpretar uma mulher a partir das deusas, nos permite ter uma visão ampla do complexo universo feminino. Complexo pelo fato de uma mesma mulher poder personificar arquétipos de várias deusas ao mesmo tempo, ou ainda, poder  mudá-lo dependendo da fase da vida.     
       Na mitologia grega temos várias deusas, dentre elas:  Deméter, que personifica a mãe, é a deusa da fertilidade;  Hera, a deusa do casamento, do protótipo da relação patriarcal, da esposa ciumenta; Afrodite, a deusa do amor, deusa da paixão, simboliza o instinto sexual, o papel de amante;   Atenas, personifica a intelectualidade, é a deusa da sabedoria;  Héstia respresenta a virgem, está relacionada à busca interior;   Perséfone a deusa da morte e do inconsciente, representa o misticismo.   
        Já no Egito, a mais conhecida é Isis, a deusa provedora da vida; e através de seu amor, o homem afogado na luxúria e na paixão eleva-se à vida espiritual. Protetora das mulheres, é a mãe que nutri e alimenta tudo que gera.    
        Na cultura hindu-butista temos Tara, ou Kuan Yin, a deusa do amor e da compaixão, que é venerada no oriente assim como Maria, da cultura cristã, é venerada no ocidente; e as duas são presenças divinas fortemente sentidas no seio feminino.  
        Há muitas outras deusas, e todas elas, com seus atributos, caracterizam o universo do inconsciente coletivo feminino. No entanto, vou citar duas sínteses de arquétipos que encontrei em um artigo de Fátima Rodrigues Graziottin, e que retratam bem a divisão do universo feminino atual: o da “mãe-madona” e o da “hetaira-prostituta”.   
        O arquétipo da “mãe-madona” é representado por todas as deusas do amor incondicional, da sabedoria, da fertilidade e fecundidade, da transformação mágica, da sabedoria e elevação espiritual, do instinto e impulsos favoráveis.     
        Já o arquétipo da “hetaira-prostituta”, pode ser representado por Lilith, a deusa da cultura suméria, e tem como atributos a sensualidade, a natureza indomável, os instintos selvagens, a independência, a liberdade, a graça, o prazer, a beleza, o entusiasmo, a alegria, o sexo sagrado.    
        Segundo Fátima Rodrigues Grazziotin, atualmente, as mulheres querem ser: “mães-hetairas”. Ou seja, ser mulheres livres, cuidadoras, inteligentes, sensíveis, cultas e capazes de expressar todo seu potencial sem preconceitos ou mau juízo.   
        Já para os homens, saber entender e encontrar esses arquétipos em uma mulher é importante para o equilíbrio do ânimus e ânima, e a qualidade da relação.   
        E para nós mulheres, a presença de todas as deusas e seus arquétipos nos tornam privilegiadas, pois somos sempre envolvidas nos braços da unicidade da Grande Mãe, e dela recebemos sua Proteção e Graça Divina!
Mirian Menezes 

Um comentário:

  1. Acrescento à leitura deste excelente artigo,
    a leitura da tríade HE, SHE e WE, de
    Robert Johnson.
    Três livros de porte médio, gostosíssimos,
    encantadores, esclarecedores sobre a psiquê
    Masculina, Feminina e o Mito do Amor Romântico,
    um desfolhar de mitos revelando nossos estados
    íntimos.

    Gostei muito disso tudo. Muchas gracias, Eleonora.

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